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a c i o n a l i s m o e
E m p i r i s m o |
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A
concepção racionalista
Concepção filosófica que afirma a razão como única faculdade
a propiciar o conhecimento adequado da realidade. A razão, por iluminar
o real e perceber as conexões e relações que o constituem, é a capacidade
de apreender ou de ver as coisas em suas articulações ou interdependência
em que se encontram umas com as outras. Ao partir do pressuposto de
que o pensamento coincide com o ser, a filosofia ocidental, desde suas
origens, percebe que há concordância entre a estrutura da razão e a
estrutura análoga do real, pois, caso houvesse total desacordo entre
a razão e a realidade, o real seria incognoscível e nada se poderia
dizer a respeito. O racionalismo gnosiológico ou epistemológico é inseparável
do racionalismo ontológico ou metafísico, que enfoca a questão do ser,
pois o ser está implicado no pensamento do ser. Declarar que o real
tem esta ou aquela estrutura implica em admitir, por parte da razão,
enquanto faculdade cognitiva do ser humano, a capacidade de apreender
o real e de revelar a sua estrutura. O conhecimento, ao se distinguir
da produção e da criação de objetos, implica a possibilidade de reproduzir
o real no pensamento, sem alterá-lo ou modificá-lo. Dois elementos marcariam
o desenvolvimento da filosofia racionalista clássica no século XVII.
De um lado, a confiança na capacidade do pensamento matemático, símbolo
da autonomia da razão, para interpretar adequadamente o mundo; de outro,
a necessidade de conferir ao conhecimento racional uma fundamentação
metafísica que garantisse sua certeza. Ambas as questões conformaram
a idéia basilar do Discurso sobre o método (1637) de Descartes, texto
central do racionalismo tanto metafísico quanto epistemológico. Para
Descartes, a realidade física coincide com o pensamento e pode ser traduzida
por fórmulas e equações matemáticas. Descartes estava convicto também
de que todo conhecimento procede de idéias inatas - postas na mente
por Deus - que correspondem aos fundamentos racionais da realidade.
A razão cartesiana, por julgar-se capaz de apreender a totalidade do
real mediante "longas cadeias de razões", é a razão lógico-matemática
e não a razão vital e, muito menos, a razão histórica e dialética. O
racionalismo clássico ou metafísico, no entanto, cujos paradigmas seriam
o citado Descartes, Spinoza e Leibniz, não se limitava a assinalar a
primazia da razão como instrumento do saber, mas entendia a totalidade
do real como estrutura racional criada por Deus, o qual era concebido
como "grande geômetra do mundo". Spinoza é o mais radical dos cartesianos.
Ao negar a diferença entre res cogitans - substância pensante - e res
extensa - objetos corpóreos - e afirmar a existência de uma única substância
estabeleceu um sistema metafísico aproximado do panteísmo. Reduziu as
duas substâncias, res cogitans e res extensa, a uma só - da qual o pensamento
e a extensão seriam atributos.
Principais racionalistas modernos: Descartes, Leibniz, Pascal e Spinoza
A concepção empirista
Sob uma perspectiva contrária, os empiristas britânicos refutaram a
existência das idéias inatas e postularam que a mente é uma tabula rasa
ou página em branco, cujo material provém da experiência. A oposição
tradicional entre racionalismo e empirismo, no entanto, está longe de
ser absoluta, pois filósofos empiristas como John Locke e, com maior
dose de ceticismo, David Hume, embora insistissem em que todo conhecimento
deve provir de uma "sensação", não negaram o papel da razão como organizadora
dos dados dos sentidos. O próprio fato de haver toda esta controvérsia
em torno da problemática suscitada por Descartes revela a importância
crucial das teses racionalistas. O racionalismo cartesiano e o empirismo
inglês desembocaram no Iluminismo do século XVIII. A razão e a experiência
de que resulta o conhecimento científico do mundo e da sociedade bem
como a possibilidade de transformá-los são instâncias em nome das quais
se passou a criticar todos os valores do mundo medieval. A nova interpretação
dada à teoria do conhecimento pelo filósofo alemão Immanuel Kant, ao
desenvolver seu idealismo crítico, representou uma tentativa de superar
a controvérsia entre as propostas racionalistas e empiristas extremas.
Entendido como posição filosófica que sustenta a racionalidade do mundo
natural e do mundo humano, o racionalismo corresponde a uma exigência
fundamental da ciência: discursos lógicos, verificáveis, que pretendem
apreender e enunciar a racionalidade ou inteligibilidade do real. Ao
postular a identidade do pensamento e do ser, o racionalismo sustenta
que a razão é a unidade não só do pensamento consigo mesmo, mas a unidade
do mundo e do espírito, o fundamento substancial tanto da consciência
quanto do exterior e da natureza, pressuposto que assegura a possibilidade
do conhecimento e da ação humana coerente. Para além de seus possíveis
elementos dogmáticos, a filosofia racionalista, ao ressaltar o problema
da fundamentação do conhecimento como base da especulação filosófica,
marcou os rumos do pensamento ocidental.
As principais características do empirismo são:
1 - não há idéias inatas, nem conceitos abstratos;
2 - o conhecimento se reduz a impressões sensíveis e a idéias definidas
como cópias enfraquecidas das impressões sensoriais;
3 - as qualidades sensíveis são subjetivas;
4 - as relações entre as idéias reduzem-se a associações;
5 - os primeiros princípios, e em particular o da causalidade, reduzem-se
a associações de idéias convertidas e generalizadas sob forma de associações
habituais;
6 - o conhecimento é limitado aos fenômenos e toda a metafísica, conceituada
em seus termos convencionais, é impossível.
Principais filósofos empiristas: Francis Bacon, John Locke, Thomas
Hobbes, George Berkeley e David Hume
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