<<CONCEITOS
O CONCEITO 'POLÍTICO'

   A concepção de ser humano na Antigüidade, neste item do programa, está vinculada à Filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles. Suas filosofias nascem como uma tarefa de contraposição aos sofistas (mestres de sabedoria) que não eram considerados filósofos. À máxima de Protágoras (sofista), 'o homem é a medida de todas as coisas', que implica em dizer que os homens são seres de opiniões, pois a medida de cada coisa é dada pelo o que cada homem sente, contrapõe-se a Filosofia, que diz que o homem além de sensações (mundo sensível) também tem razão (logos) que está vinculada ao mundo suprasensível. E para que isto seja assim, o homem tem corpo e alma.
   Enquanto para Platão a alma é de fundamental importância, pois é através dela que o homem tem acesso ao plano das Idéias e, portanto, por conhecer o que é verdadeiramente a realidade pode construir a cidade mais justa; para Aristóteles, que abandona o plano das Idéias de Platão, o homem é capaz de logos, e é através dele que pode agir com sua virtude intelectual na virtude moral para a chegar à excelência e assim fazer parte da pólis.
   É importante perceber que para estes filósofos o foco das preocupações não é o homem e sim a cidade, pois o homem não é homem fora da cidade, e o que importa é a felicidade da cidade e não do homem; a felicidade do homem enquanto um indivíduo é conseqüência da feliciade da cidade. Dos três filósofos supracitados Aristóteles foi quem mais aprofundou esta pesquisa.
   Pensar o conceito 'político' como um predicativo do ser humano na Antigüidade associa-se de imediato a Aristóteles, pois foi ele quem disse que o homem é por natureza um animal político. A seguir algumas citações de Aristóteles:

"Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam a algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política" (Política)

"Na filosofia aristotélica a política é o desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática. Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado." (Wikipédia)

"De maneira evidente, o Estado está na ordem da natureza e antecede ao indivíduo; pois, se cada indivíduo por si a si mesmo não é suficiente, o mesmo modo acontecerá com as partes em relação ao todo. Ora, o que não consegue viver em sociedade, ou que não necessita de nada porque se basta a si mesmo, não participa do Estado; é um bruto ou uma divindade. A natureza faz assim com que todos os homens se associem. Ao que primeiro estabeleceu essa fórmula se deve o bem maior; pois se o homem,
chegado à sua perfeição, é o mais excedente dos animais, também é o pior quando vive isolado, sem leis".

"Fica evidente, portanto, que a cidade participa das coisas da natureza, que o homem é um animal político, por natureza, que deve viver em sociedade, e que aquele que, por instinto e não por inibição de qualquer circunstância, deixa de participar de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem. Esse indivíduo é merecedor, segundo Homero, da cruel censura de um sem-família, sem leis, sem lar. Pois ele tem sede de combates e, como as aves rapinantes, não é capaz de se submeter a nenhuma obediência".